quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Conexão em Maiquetia

Estive em Curaçao em novembro de 2011 voando com milhas desde São Paulo até Caracas e seguindo viagem com uma companhia Caribenha chamada Insel Air até Curaçao.

Na ida ficamos algumas horas no Aeroporto de Maiquetia que serve Caracas, e mesmo passando pouco tempo por lá já pudemos constatar a falta de infra estrutura que o aeroporto apresenta. Para vocês entenderem a gravidade da situação não existem cadeiras ou bancos fora da enorme e lotada praça de alimentação que conta com dois restaurantes tipo fast food. Isso mesmo, se quiser se sentar, sente no chão.


Outro fator muito importante a ser comentado é que caso você não tenha conseguido despachar sua bagagem para o seu destino final, você será obrigado a fazer a imigração e sair da parte interna do aeroporto mesmo tendo conexão. Isso resulta no pagamento de taxas aeroportuárias e governamentais no valor aproximado de 60 dólares por pessoa. E claro que como este valor não poderia ser pago em dólares, fomos obrigados a adquirir bolivares.
Durante nossa passagem pela imigração a funcionária nos orientou a comprar bolivares no mercado negro. Isso mesmo, a funcionária da imigração venezuelana nos orientou a comprar bolivares no mercado negro.
A cotação da moeda local é de 4 bolivares para 1 dólar nas casas de câmbio oficiais e no mercado negro eles chegam a pagar 8 bolivares para cada dólar. Além disso, as casas de câmbio cobram comissão para fazer a troca. No começo ficamos com medo, mas depois percebemos que essa é uma praxe por lá e com muito cuidado compramos a moeda no mercado negro. No nosso caso diversas pessoas dentro do aeroporto nos abordaram oferecendo a troca, muitos deles uniformizados como carregadores de bagagem. Não marque bobeira, já vá com a quantia exata que pretende trocar separada e confira o dinheiro na mão do venezuelano antes de entregar seus dólares a ele.
O atendimento é quase nulo. Eles são lentos e mau humorados o tempo todo. Conversando com um brasileiro que trabalha por lá, entendemos que toda empresa é obrigada a contratar 50% dos funcionários pelos sindicatos e não pode demití-los durante um determinado período. Dessa maneira todos fazem corpo mole e não estão muito interessados em trabalhar.
Na volta de Curaçao para Caracas tivemos um atraso no vôo da nossa “querida” Insel Air e perdemos nossa conexão para São Paulo. O atraso da companhia foi de uma hora e quarenta e perdemos nosso vôo por dez minutos. O avião da Gol ainda taxiava pela pista quando encontramos os funcionários que acabaram de fazer o embarque. Nada podia ser feito. A Insel Air não quis assumir um bolivar sequer, porque segundo a lei venezuelana eles só seriam responsáveis por atrasos superiores a duas horas. Não mostraram nenhuma vontade de ajudar ou de negociar nada, portanto, Insel Air nunca mais. Por lá também ouvimos reclamações de brasileiros contra uma outra empresa caribenha chamada Dae que havia cancelado um vôo sem prévio aviso fazendo uma conexão indesejada e uma espera de 10 horas no aeroporto.
Foi nesse momento que percebemos que tudo de ruim que havíamos passado na ida neste aeroporto seria fichinha perto do que nos aguardava.
Fomos ao balcão de informações ao turista pedir ajuda para encontrar um hotel. Como era sexta feira todos os hotéis estavam lotados e foi muito difícil encontrar algum disponível. Entre os hotéis considerados de 4 e 5 estrelas estão o Edward Hotel, Ole Caribe e o Eurobuilding Express Maiquetia mas para “nossa sorte” estavam todos lotados.
A diária nestes hotéis gira em torno de 200 dólares. Isso mesmo, um hotéis simples em Maiquetia pela bagatela de 200 dólares. Além desses hotéis existem diversos hotéis e pousadas inferiores.
Pedimos então um hotel em Caracas já que Maiquetia fica relativamente próxima a Caracas. Fomos informados que não é recomendado ir a Caracas principalmente a noite devido a violência. Também fomos orientados a não usar taxi pois diversos seqüestradores se disfarçam de taxistas e aproveitam o fato do grande volume de dinheiro transportado em espécie para troca no câmbio negro.
Resumindo nosso único meio de transporte seria o transporte dos hotéis inferiores que era por eles oferecido. Dada a falta de opção aceitamos o único quarto disponível no Hotel Catimar. 
Pegamos o transporte do hotel que nos levou até Cati de La Mar cidade vizinha a Maiquetia. O hotel é muito simples e feio, principalmente quando paga-se 150 dolares a diária.  Na manhã seguinte acordamos e pensamos em sair para caminhar e tomar o café da manhã em algum restaurante.
Vista da janela do banheiro (pois no quarto não havia janela) do Hotel Catimar

Logo na saída do hotel percebemos que as pessoas estavam nos olhando assustadas e pensando algo do tipo: “aonde vão esses malucos”? Voltamos para o hotel.
Na hora do almoço fomos para o aeroporto para tentar comer alguma coisa pois ali nos pareceu um lugar um pouco mais seguro para fazer um refeição. Além dos dois fast foods que comentei (Subway e um frango frito), no andar de baixo existe uma pizzaria escura e estranha.  Passamos a tarde tentando arrumar lugares no próximo vôo da Gol mas fomos informados que o vôo estava lotado. Como a lista de espera não deu em nada e os vôos dos próximos quatro dias estavam lotados teríamos que dormir mais uma noite na cidade e continuar comparecendo todas as noites ao aeroporto colocando os nomes em lista de espera e torcendo para vagar lugares no avião.  
Fomos novamente ao balcão de informação e o Hotel Catimar estava lotado. Nos sobrou o Hotel La Parada. Mais de 150 dólares a diária e lá fomos nós para outra experiência bizarra. Este hotel tem parceria com outra pocilga e quando ele está lotado eles levam os “hóspedes” a este outro lugar, que não tinha sequer água quente. Esse chamava La Bahia. Esse Hotel La Parada não era tão ruim comparada as outras mas fui informada que são preciso no mínimo 45 dias de antecedência para conseguir uma vaga. Ela contá até com um restaurante e fica a uma quadra de uma padaria semelhante com uma padaria brasileira onde tomamos um café da manha.

 
Cidade de Maiquetia

Cidade de Maiquetia
Fomos novamente ao aeroporto e decidimos comprar uma passagem aérea por qualquer companhia que nos trouxesse para casa. Com Gol e Tam lotadas pesquisamos na LAN e na TACA. Não sobreviveria mais uma noite em Maiquetia e arredores. Optamos pela TACA (empresa peruana) com conexão em Lima. 

No Aeroporto da Venezuela depois da imigração existe uma praça de alimentação bem melhor, com restaurantes de redes americanas e um local de arepas. Não deixe de experimentar as arepas venezuelanas. Diferentes das Colombianas são recheadas e tão boas quanto. Talvez as Arepas sejam uma das poucas lembranças que valham a pena da Venezuela.
Quando tinha 18 anos fiz uma aventura estilo mochilão de ônibus por quase toda América do Sul. Estive em lugares remotos no Peru, Equador, Colômbia e Bolívia e nada que eu tenha conhecido até hoje se compara ao que vi na Venezuela. Achava que La Paz era  o lugar mais feio que conheci, mas percebi sempre podem existir coisas piores neste mundo.
          Só acho que mar nenhum no mundo, muito menos Los Roques ou Isla Margarita valem a pena por uma nova visita a Maiquetia. Existem tantos outros lugares maravilhos no Caribe, Polinésia, Seychelles, Maldivas, Hawai, Grécia que nada me justificaria uma nova conexão na Venezuela.

7 comentários:

  1. Olá, vou fazer uma viagem semelhante a sua em março de 2012.

    Emiti duas passagens até Caracas e de lá pretendo ir a Curaçao. Para Curaçao pretendo ir de insel air, mas a volta não confere com meu retorno então teria que dormir na Venezuela também. Pelo seu relato vou mudar a companhia aérea da volta para não dormir em Caracas.

    Conhece alguma outra empresa aérea que faz Caracas - Curaçao?

    Estou em dúvida entre o Renaiscensse e Kura Hulanda. Qual melhor custo benefício?

    obrigado - tito.canille@terra.com.br

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  2. As duas principais empresas que voam para Curacao desde Caracas são a Insel Air e a Dae.
    Eu prefiro o Renascense por ele estar muito bem localizado. Ele fica no centro e na praia e conta com uma piscina de borda infinita muito bonita onde podemos ficar vendo os cruzeiros (o quarto mais barato dele não tem vista para a rua e sim para um salao de festa interno do hotel). Já o Kura Hulanda que tb fica bem localizado não fica na praia e por isso eu não gosto dele. Mas existe o Kura Hulanda Lodge que fica na praia mas ele fica muito longe de tudo. Na verdade ele fica no extremo da ilha.

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  3. Verônica, por favor me encaminhe por email. Meu email é tatianacepeda@hotmail.com.

    Abraços e obrigada.

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  4. valeu as dicas. Na minha conexão de 12h em Maiquetia vou ficar no aeroporto esperando a vôo pra Alemanha. Acho que não valeria a pena sair do aeroporto pra conhecer essa cidade e ainda pagar $60 de taxa!

    Obrigada!
    Ana.

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    1. Com certeza Ana. Não se iluda pois a área do aeroporto dentro da imigração é bem menos pior do que a área externa. Beijos e boa viagem

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  5. Saludos Tatiana, como Venezolano quisiera que todo extranjero hablara bien de mi país y en especial de mi estado o región lamentablemente tienes razón, el Hotel Catimar está en Puerto Viejo, una zona que en 1978 y 1979 no existían hoteles, muchos árboles y yo surfeaba con mi tabla de surf en la desembocadura del rio (siempre contaminado) eres bienvenida Tatiana, ojalá las cosas cambien para el bien de Venezuela, te pido disculpas como Venezolano y como habitante de Maiquetia y en especial Catia la Mar donde tu estuviste, un saludo cordial, puedes escribirme a mi correo edinsonblanco@gmail.com

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    1. Ojala pueda regresar a Venezuela y pueda cambiar mi parecer. Me encanta la comida, las telenovelas y la musica Venezuelana. Saludos desde Brasil.

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